Sobre a blogosfera

Estive a ler um texto sobre a blogosfera no Bomba Inteligente e tenho outra tese que nem invalida a da Carla Quevedo: Talvez não exista só uma blogosfera.
Olho para o “blogroll” e dali apenas leio três blogues: Combustões (daí ter lido o texto no Bomba Inteligente), Portugal dos Pequeninos e Abrupto. E leio blogues todos os dias. A Barriga de Um Arquitecto, Dias Com Árvores, O Elogio da Sombra, A Sombra Verde, Está de Velho… e muitos de fora…
Já li outros regularmente, A Blasfémia, O Insurgente… Mas para candidatos a “establishment” e mediocridade já me basta o dia-a-dia. E no entanto, este último que é um exemplo acabado de tudo o que diz a Carla Quevedo e mais, figura na lista do Bomba Inteligente. A blogosfera pouco de novo trouxe ao país, incluindo ideias. Porque haveria? Pode ser por vezes prestidigitação e misticismo, mas magia não é de certeza.

Outra tese: A blogosfera está completa e absolutamente sobrestimada em Portugal. Quem souber ler as estatísticas dos blogues, há muito que sabe que aqueles 1000 visitantes significam mesmo muito pouco. Desses 1000, talvez 100 interessem, e desses, a esperança é que sejam “amplificadores” (como acontece com personalidades como o Dr. Pacheco Pereira, o blogue significa pouco, mas tem um grupo que o lê e escrutina que significa muito).
Habitualmente, quem participava nas tais discussões e “polémicas”, eram autores de outros blogues que rapidamente descobriram que as caixas de comentários de blogues como O Blasfémias, além de ridículas, são poços sem fundo, onde toda e qualquer ideia não tem qualquer retorno. Uma pessoa investe nesse tipo de diálogo meia-dúzia de vezes, a partir daí só se gostar muito de poços sem fundo, mas já se sabe que há gostos para tudo.

Uma resposta para“Sobre a blogosfera”

  1. JPG

    Devo confessar que não entendi patavina deste seu arrazoado mas enfim, quem sou eu para entender seja o que for, e o que é isto aqui afinal senão (mais) um poço sem fundo para onde se atiram umas moedinhas a ver se dá sorte…

  2. mário venda nova

    Rui,

    arrisco aqui uma outra tese: a blogosfera precisa de se especializar. Deixei de ter paciência para os ‘diários’ virtruais e para aqueles que emitem opiniões sobre tudo e todos, de maneira indiscriminada e sem rigor. Gosto de blogues cujos autores sabem do que falam, sem esquecer um toque muito pessoal. Não quero saber onde o autor come nem onde se diverte mas o que lê, o que ouve e o que vê dizem-me muito sobre a pessoa. Acho que falta também um sentido critíco a quem escreve e muitas vezes para colmatar essa falha recorre-se ao desporto nacional que é dizer mal. E é muito mais fácil fazer carreira a destruír o que os outros fazem do que a dizer bem. Mas espiríto crítico implica conhecimento e querer saber mais para estar informado e poder informar mas reconheço que isso consome tempo e requer massa cinzenta; dito isto também não gosto de blogues re-publicadores que não passam de meros veículos parta o que outros dizem, embora leia de vez em quando alguns blogues de hipertexto (agora só o Kotte.org).

    Aqui está um bom exemplo do que escrevi: o teu blogue. Mas os exemplos de que falas são todos de primeira linha e concordo com algumas linhas do que a Carla Quevedo escreveu, embora acho que peca pelo lado mais simplista da questão. Falta fazer uma análise profunda sobre a blogosfera portuguesa mas essa análise deve começar por cada um de nós, sobretudo que cada um saiba qual a razão que o leva a escrever e que mensagem quer transmitir.

    O JPG é também o exemplo acabado do que eu digo: pratica imenso o desporto nacional ou seja diz mal mas não aponta caminhos nem apresenta soluções, assim é fácil, é barato e não dá chatices…Reconheço que pensar dá trabalho, implica ter opinião própria e é bom para o sitemeter durante uns tempos e isso é outra coisa que me dá arrepios: escrever para o tráfego e não para o longo prazo. Mas há gente que não pensa estar aqui a longo prazo por isso mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. É uma visão do tema como outra qualquer, claro.

  3. José Rui Fernandes

    a blogosfera precisa de se especializar

    Não necessariamente… Não vejo mal em muitas pessoas terem muitos blogues sobre nada (no bom sentido, no sentido Seinfield). Não os leio, mas se for divertido escrever, porque não?
    De qualquer modo também gosto da blogosfera especializada, em fotografia, mac, ambiente, astronomia, jardinagem… O não especializado aqui sou eu, que me interesso por tudo…
    De qualquer modo, tu não queres saber onde o autor come, mas o meu pai se lesse blogues, sim. É um dos interesses dele. Há blogosfera para todos os gostos.
    Mas se reparares, O Bomba Inteligente faz parte de um grupo que aparece em tudo que é “blogroll”; quem quer ser alguém linka para esse grupinho (todo de Lisboa?). Talvez agora já não tanto e eles estejam ressentidos. Ou talvez não.
    Também se acabaram em parte as listas interminaveis de blogues e o linka para o meu que eu linko para o teu… Para mim, isso é positivo — demonstra critério.

    O longo prazo também está relaccionado com o tema, ou assunto do blogue ou dos posts. Há blogues que passado um ano, não fazem sentido e o arquivo é realmente morto. Não é o caso do Sargaçal. Textos como o da compostagem caseira, plantar uma árvore, tomáte arbóreo… são página de entrada de milhares (mesmo milhares) de visitantes. Coloquem as palavras no google e percebem porquê (primeiro ou segundo lugar dos resultados).

    O JPG é também o exemplo acabado do que eu digo: pratica imenso o desporto nacional ou seja diz mal

    A sério? Nem notei que tenha dito alguma coisa. Falha minha (mas pelo menos publiquei-lhe o comentário, é sabido que comentários da treta aqui são apagados sem olhar para trás, a menos que permitam ao autor 15 segundos de fama).

  4. Mário

    Já há muito que deixei de ter lista de blogues, há os que leio regularmente (no feed reader) e que coloquei nos agregadores rss especializados no meu blogue. Depois há as entradas individuais que destaco, mas há uma impossibilidade quase física (tempo) de ir regularmente adicionando novos blogues de interesse, porque senão não fazia outra coisa.
    Já deixei de ligar a esses “debates” (talvez por ser anterior a essas coisas) e já me passou o interesse pela análise “sociológica” da blogosfera, porque prefiro fazer coisas do que reflectir sobre o que os outros andam a fazer.

  5. mário venda nova

    Rui, eu acho este blogue especializado – cerca de 80% dos teus artigos andam à volta do ambinte e jardinagem. Acho-o bastante especializado, mas é a minha opinião. Mas mais do que ser especializado é um blogue com uma linha ‘editorial’ (se é que se pode chamar assim) bastante definida, já tem um percurso muito interessante e a prova está no Google, como muito bem indicas. Se aqui estivesse mais da tua vida pessoal será que teria algum interesse para quem te lê ou seja acrescentava mais alguma coisa? Acho que não, neste momento sabemos que aplicas o que apregoas aqui – o que nos dá alguma segurança sobre o que escreves, sabemos que tens filhos e que o estado do país e do ambiente te leva a questionar o seu futuro. Não acho é que seja necessário saber a que horas te levantas para os levar à escola.

    Isto levava-nos longe mas acho que percebeste a ideia…

    Um blogue passado um ano não faz sentido se realmente não tiver interesse mas é engraçado verificar no Mint (o nosso contador) que tenho textos que passado um ano ainda são lidos. O problema passa muitas vezes pelo motivo pelo qual se iniciou o blogue, se é apenas uma questão de satisfazer o ego e apregoar que se tem um blogue, logo que a novidade se desgasta é natural que esse blogue esteja com o final à vista. Quem está aqui para partilhar boas opiniões, é honesto com os leitores, está disposto a dispender tempo e investe nos textos que escreve é bem capaz de ter futuro.
    Pessoalmente gosto de uma boa polémica de vez em quando, desperta-nos para os erros que muitas vezes não nos apercebermos e também para conhecer outras formas de ver o assunto e a discussão traz muitas vezes uma luz diferente que nos obriga a repensar tudo de novo. Gosto disso mas sinceramente não tenho a paciência para anónimos, nicknames e quejandos afins que se escondem atrás de um nome e que cobardemente insultam ou caem na injúria, nesse aspecto acho que falta maturidade mas infelizmente nem é um problema nacional mas sim transversal a toda blogosfera. Por causa disso decidi moderar os comentários no ‘Elogio’, mesmo com o antispam há sempre um espertinho que escapa às malhas do controlo e os outros leitores não têm que aturar esse tipo de atitude, aliás nem eu.

    O caro JPG desapareceu o que diz muito sobre a sua pessoa…
    Estou a ficar velho e sem paciência e se calhar por isso reduzi drásticamente o número de blogues que lia, hoje não leio mais de vinte – no máximo trinta, nos tempos áureos lia cerca de oitenta! Tempos que já lá vão, hoje leio o que me interessa e que considero bom, o resto vou lendo esporadicamente.

    Quanto aos blogrolls descobri ( por indicação tua) o Delicious e nunca mais quis outra coisa, por isso não entendo os lençois que andam em muitos lados mas como diria o Daniel Carrapa: é o design, estúpidos!

    Já me alonguei de mais…

  6. José Rui Fernandes

    Talvez seja especializado… Especializado nos meus interesses, com foco na horticultura.

    Não acho é que seja necessário saber a que horas te levantas para os levar à escola.

    Eu também não! Até porque poderia ser uma vergonha saber-se que praticamente nunca os levo à escola, é sempre a Susana :) .

    Um blogue passado um ano não faz sentido se realmente não tiver interesse

    De acordo, mas não foi isso que quis dizer — referia-me à temática. Um blogue de actualidades ou tecnológico, por exemplo, tem textos que pela sua natureza se esgotam em pouco tempo.

    Aqui os comentários também estão moderados agora. Quem já comentou, pode continuar a comentar. Quem nunca comentou, o primeiro passa pelo meu “visionamento”, a ver se está de acordo com os mínimos.

    Leio muitos blogues e muita internet. Muito mais que TV ou jornais, por exemplo. Mas diariamente já leio muito poucos blogues. Mudei para um registo mais semanal — também por falta de tempo.

    E finalmente arranjei um método de ler via RSS que me agrada — até aqui nenhum leitor de RSS me tinha convencido. Agora uso a página netvibes.com — acho que resulta como agregador dos meus interesses. E tenho uma visão global do que vai acontecendo.

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