Sobreiro a caminho de ser a Árvore de Portugal +

Polícia britânica intercepta tudo que quer dos telemóveis
Eu não coloco o link, nem como crítica, nem como patrocínio. Haverá situações em que se justifica, outras não. Mas o que cada um pode concluir é que nos tempos que correm, se quiser privacidade tem de se desligar. Não há outra forma. Wired.

O desastre que é o “plano nacional de barragens”
Geota.

Emissões de gases com efeito de estufa ultrapassaram o pior cenário
Óbvio. E vão continuar a subir. TreeHugger.

Chama-se já um arquitecto
Há uma escalada na barragem do Tua… para chamarem o arquitecto Souto de Moura é porque a coisa está tremida… Ressabiator.

Semear um Amorphophallus titanum em casa
É aquela flor gigante (a maior) que cheira mesmo mal… Plantgasm.

Sobreiro a caminho de ser a Árvore de Portugal
Árvores de Portugal.

O tsunami do Japão seis meses depois
Os japoneses não param. The Sacramento Bee.

Uma resposta para“Sobreiro a caminho de ser a Árvore de Portugal +”

  1. Kastanon

    Com efeito, o plano nacional de barragens é um desastre. Uma barragem no Tua… enfim, sem comentários.

    Mas comente-se o seguinte:
    – não queremos combustíveis fósseis (petróleo e carvão);
    – não queremos barragens (ver supra);
    – energia solar é uma palhaçada (basta ver a quantidade de habitações… sim, estamos a falar de habitações não de indústrias que a maior central solar da Europa, imaginada pelo Grande Eng.º Sócrates, consegue servir);
    – energia eólica degrada os valores ambientais e paisagísticos dos nossos parques naturais (a grande maioria é em altitude… para melhor exemplo, veja-se a polémica da instalação do parque eólico da PT em Cortes do Meio, Covilhã);
    – energia das marés&ondas ainda está em desenvolvimento, sendo certo que nunca será uma solução pois a quantidade de milhas náuticas de protecção por cada MW é simplesmente abismal (acabava-se com o meio de transporte mais energeticamente mais eficaz – o marítimo);
    – energia nuclear (nem se quer ouvir falar);
    – energia termo… pode ser uma “solução” nos Açores… mas nunca no Continente…
    – energia de biomassa… não conheço o suficiente, mas presumo que seja muito residual

    Acho que não esqueci nenhuma… então o que fazer? Desligar o computador e a internet para poupar energia? É que não podemos querer o melhor de todos os mundos… na vida real, isso não existe… Simples.

  2. José Rui Fernandes

    O petróleo e carvão, devido aos malefícios comprovados que acarretam, deviam estar de saída, mas não tema, porque o consumo é cada vez maior. Mas não é questão de querer, em 2080 a quantidade será residual. Já não estou cá mas gosto de pensar para a frente.
    Neste momento é mais correcto dizer não queremos *mais* barragens. E também não queremos obras só para manter os empreiteiros a flutuar…obras desastrosas ainda menos… já chegou de obras.
    A energia solar não é uma palhaçada. Pode ser cá, mas qual é a novidade? Não se tornou tudo uma palhaçada? Um país ao Sol (o segundo ou terceiro com mais Sol da UE, tem de importar praticamente tudo.
    A energia eólica cá por incrível coincidência só é viável em zonas sensíveis, protegidas, rede natura 2000 ou coisa parecida. É mais uma originalidade nacional. Pessoalmente, acho as torres estéticas, muito mais por exemplo que muitos mamarrachos, ou casas e casinhas de gosto duvidoso espalhados pela paisagem.
    A energia nuclear cá é completamente inviável, mesmo que fosse inócua. Foi mais uma tentativa de uns chico-espertos darem mais uma golpada. Era mais uma PPP, mas se acha as das estradas caras, havia de ver como era a energia nuclear para os contribuintes.
    A energia térmica pode funcionar… porque se pode captar o calor a muita profundidade. Não sei de viabilidade nem em que estado está. Sei que pode ser utilizada para aquecer casas de forma barata.
    Que fazer… praticamente acertou na minha opinião. Tendo em conta o gasto de energia, a população e a produtividade, sim, poupar é a melhor forma de produzir energia em Portugal. Produzir mais por KW, construir com qualidade, tratar do que já está construído, enfim, não desperdiçar energia, que é cara (veja as escolas novas e se o Estado está preocupado em poupar energia).

  3. José Rui Fernandes

    Entretanto fui ver o seu blogue (já me está a estragar o trabalho nocturno…) e parabéns pela perseverança no projecto. Gostei também da carta da leitora e de mais uma vez comprovar que é tudo igual em todo o lado… o rapaz tirou férias em Agosto… não regou… morreram as plantas… a leitora avisa dos roubos… não sei onde já li disso… este país por vezes tem momentos muito deprimentezinhos.

  4. Kastanon

    O projecto teve hoje decisão do Parque Natural para avançar :)
    Espero ter mais novidades para a semana.

    Quanto ao tema da energia e face à opinião sobre a energia eólica… deixe-me adivinhar: não é caminheiro?

    Sempre que penso na Serra da Lousã totalmente degradada com aquelas mega torres eólicas… enfim, fico doente. E depois existe a questão dos morcegos (em 2012, será o seu ano). Não é “bicho” que me agrade… mas não duvido da sua necessidade para o ecosistema.

  5. José Rui Fernandes

    Faço as minhas caminhadas… mas desde a rotura de ligamentos, dedico-me mais à bicicleta em locais planos :) .
    Eu gosto de morcegos… até ia comprar umas casas de morcego para meter em casa quando me andaram aqui a pintar os beirais há uns meses… mas já não havia no Parque Biológico de Gaia e não dava tempo para mandar vir de fora.

  6. Lowlander

    Eventualmente toda a energia consumida sera recolectada directamente das fontes primarias: solar e geotermica porque essas sao as duas fontes directas de energia para o planeta. Tudo o resto sao sub-produtos dessas fontes directas.

    Ate la essencialmente eolica e gas natural deveriam fazer a ponte com a biomassa a participarem de forma residual.

    Nuclear nao e uma opcao sensata, a Humanidade e incapaz sequer de intelectualmente compreender convenientemente todos os riscos criados quanto mais geri-los – so e admissivel manter o que ja esta instalado devido ao investimento feito e esperar que chegue ao final da sua vida produtiva para ser depois desmantelado.

    Uma moratoria imediata na construcao de novas centrais de carvao e construir centrais de gas natural em vez disso, so por si, ganharia imenso tempo na luta contra as alteracoes climaticas.

    Quanto a poupanca: por cada MW nao consumido poupam-se em media 3 MW na central de producao.

  7. Kastanon

    Porque a energia do carvão (como de qualquer outro combustível fóssil) permite-nos ter energia eléctrica a qualquer hora… e sobretudo, abastecer as nossas (e são cada vez menos) indústrias.

    E porque o carvão ainda consegue ser uma fonte barata de energia…

    Claro que nas décadas anteriores alguém andou a fazer palhaçadas… mas quem? E quais eram as soluções REALISTAS que tinha antes e que agora já não tem?

    Lowlander: “Ate la essencialmente eolica e gas natural deveriam fazer a ponte com a biomassa a participarem de forma residual”.

    Acho que devemos saber um pouco do que falamos. A nossa energia de gás natural é fornecida pelo Norte de África (72% pela Argélia). Acha conveniente ficarmos dependentes de uma única fonte de energia nacional? Será que a energia eólica consegue colmatar a eventual falta de colaboração das outras energias?

    É que Portugal já é o maior produtor MUNDIAL de energia eólica per capita (acho que o 8.º ou 9.º mundial em termos de potência instalada). E esse valor apenas corresponde a 12% das nossas necessidades energéticas no 2.º semestre de 2010…

    Ou seja, seguindo essa lógica (e mesmo presumindo que não vai existir crescimento económico – o que é um reflexo do não aumento exponencial do consumo energético) teríamos de ser de produzir mais energia eólica em potência instalada do que actualmente têm os EUA!!!! E quase metade da energia eólica em potência instalada do que todos os 25 países da UE!!!

    Temos de ser realistas… para mais, quando os locais de aproveitamento de energia eólica (para produção de GW) já estão quase todos ocupado (penso que temos cerca de 3000 torres eólicas em produção), ou seja, o crescimento da enrgia eólica em Portugal já teve o seu boom. A partir de agora é meramente residual…

    Quanto à poupança, os valores que apresenta são muito díspares. Tudo depende da distância ao local de produção, das estações de transformação (e principalmente de distribuição) que a energia electrica atravessa desde o local de produção até ao local de destino.

    Mas ainda assim, sou a favor da poupança. Não vejo é ninguém poupar… na verdade, o meu e seu computador funcionam a energia eléctrica (acho eu, já vi um a funcionar a bateria carregada por um alternador numa bicicleta :) – e estou mesmo a falar a sério).

    Eu continuo a defender que devemos investir na energia nuclear e apostar no aumento da sua segurança e principalmente da reciclagem dos seus resíduos. Mas é apenas a minha opinião.

  8. José Rui Fernandes

    E como o carvão é barato… o que é barato é bom.

    Eu não acho conveniente ser dependente de nada… mas isso sou eu e não atrapalhou ninguém quando destruíam a agricultura, as pescas e outras indústrias onde somos bons e temos alguns recursos. Podíamos ser muito menos dependentes da energia da Argélia e de muitos outros lados, mas há 20-30 anos, aparentemente também não pareceu muito importante isso.

    Produtor mundial per capita? Interessante… nunca ouvi falar do resto da produção de energia per capita… qual é a produção per capita de energia das centrais a carvão? Não percebo bem a relevância.
    Em 2011 é 5% do total instalado na Europa, 2% do total instalado no Mundo. Só peca por ter chegado tarde à tecnologia que é basicamente importada. E não precisava… porque nem é energia nuclear nem nada. É comparativamente muito simples e com conceitos com centenas de anos.

    Também acho que devemos saber do que falamos, mas varia muito. Por exemplo os meus números colocam a produção eólica a 17% do total em 2010. Um valor muito meritório. 25% será um valor realista para Portugal. É preciso ver de onde vem o resto.

    Se tivéssemos a potência instalada dos EUA hoje, seria cerca de 172,3% das nossas necessidades de 2010. Tem de actualizar esses números (wikipedia).

    De facto há uma teoria (parece que é coisa muito liberal) que diz que tudo vai crescer para sempre… mesmo quando a realidade demonstra o contrário, a teoria mantêm-se… não se percebe. Fala em crescimento económico, mas porque não fala de eficiência energética? Isso seria traduzido em crescimento económico.A energia eólica, já teve o seu boom e daí? Temos 2027 torres, quer que cresça para sempre? Eu não. 25% parece-me um bom e redondo número.

    A energia nuclear é outra área em que temos que saber do que falamos, mas de facto não é necessário ser cientista nuclear para entender os seus custos astronómicos. Alguns dos quais, permanentes e até hoje sem solução. Da construção, à manutenção, passando pela segurança (de todos os tipos), até ao desmantelamento (que até agora *todos* evitaram e tem um custo astronómico)… quer dizer… não percebo. Além disso, é necessária uma série de controlos o que se traduz que até hoje todas a centrais nucleares ou são do estado ou são de monopólios regulados pelo estado. Obviamente não funciona sem subsídios, mas uns subsídios são sempre melhores que outros, dependendo de quem os analisa (ou ignora). O resultado de um acidente é de tal modo grave e imprevisível que os seguros privados são totalmente parciais, tem de ser mais uma vez o estado, ou seja, mais um subsídio de muitos milhões por ano. Li algures que os custos com o acidente (relativamente pequeno) de Fukushima são de 250.000 milhões de dólares… quem assegura verbas desta magnitude no caso português? O consórcio do senhor Barros? É que nem o estado tem dinheiro para isso…

    Com o acidente de Fukushima há uma renovada esperança que o bom senso triunfe finalmente. Porque os japoneses têm a tecnologia e são um povo capaz de fazer. Vão investir e pode ter a certeza que quando desligarem a última central nuclear, o país não vai parar nem as pessoas vão ler à luz da vela.

    Por fim, diz que devemos apostar na segurança e reciclagem dos resíduos das centrais nucleares… devemos quem? Os grandes cientistas nucleares portugueses, ou também pensa importar essas tecnologias milagrosas quando existirem? Tem seguido a construção dessa grande esperança da energia nuclear Olkiluoto 3, na Finlândia? Parece que agora é para 2013 e os custos já sobrepassam em muito as alternativas renováveis. Quem paga, no fim, é o contribuinte finlandês. A Siemens foi inteligente e já sacudiu aquilo. Era para 2009 por 3.000 milhões. Cada ano de atraso diz que são 1.000 milhões.

  9. José Rui Fernandes

    Só mais um dado relativamente à dependência da Argélia… eu instalei painéis solares térmicos por 4000€ (caros pelo standard da mesma marca hoje, cerca de 3000€) e consumia 12 garrafas grandes de gás por ano e agora consumo 2-3 por ano. Baixei a minha dependência. Foi um excelente negócio, gasto menos (para o ano já estou a ganhar dinheiro) e poluo menos.
    A energia solar térmica (eventualmente também a considera uma palhaçada) é uma tecnologia comparada com o que se está a falar, verdadeiramente rudimentar… eu não encontro razões válidas para que 80-90% das casas, fábricas, piscinas, não tenham painéis solares térmicos nas coberturas, de fabrico nacional de uma indústria de milhares de posts de trabalho e muitos milhões por ano.
    Isso podia ter sido feito. Mais uma vez, analise as novas escolas e diga-me alguma coisa. O mesmo governo que promoveu as eólicas, promoveu maneiras eficazes de gastar toda essa nova energia e não chega. É evidente que o país não sai do sítio e anda de facto para trás, como se vai comprovar.

  10. Lowlander

    Kastanon,

    “Sabemos” pouco muito o que quiser, fique la com a bicicleta… e a xuxa.

    Adiante, eu estava a falar em termos de estrategias para lidar com o problemas das alteracoes climaticas, como presumi que fosse facilmente entendido como implicito no meu texto (especialmente para a nata de “saboes” que por levedam…).
    Se queremos ter uma hipotese realista de manter o aquecimento global restrito a 2 celsius entao o carvao tem de essencialmente ficar no chao onde esta, o gas natural tem a dupla vantagem de ser uma fonte flexivel de electricidade e ser muito mais eficiente a produzir Watts por tonelada de CO2 na fase transitoria da situacao actual e o desejavel futuro onde teremos uma fonte energetica barata, flexivel, fiavel e abundante.

    Quanto a dependencia energetica… uma vez mais presto homenagem a intelectualidade aqui reinante mas permitam-me a impertinencia, existe alguma jazida de carvao de territorio portugues? Nao? Ah! Entao se calhar o carvao tambem significa dependencia energetica…

    Quanto a poupanca, os valores que apresento sao medios (acho ate que esta la escrito), nao gosta? Temos pena…

    Quanto ao nuclear,

    residuos: Explique la aqui a malta entao como e que vai garantir a gestao segura de residuos que persistem por periodos de tempo superiores a toda a Historia conhecida da Humanidade – eu espero sentado.

    seguranca: Pois “temos de apostar”… pois… subsidiacao estatal em barda traduzindo. Com resultados espectaculares como observado ao longo da historia da energia nuclear – bem sei que palavras como Chernobyll e Fukushima dao amrgo de boca, mas as ceidades fantasma ao lado das centrais nucleares, la continuam a testemunhar a seguranca.

    PS o Gas Natural vem de onde e produzido, grosso modo, os mesmos pocos de onde vem petroleo. Quero com isto dizer que a nossa fonte primordial actual de Gas e o Norte de Africa por uma simples questao de proximidade geografica.

  11. Kastanon

    “E como o carvão é barato… o que é barato é bom”.

    Claro que esta frase irónica deve querer significar algo… mas esse algo não me dirá respeito. Porquê? Porque nunca defendi que se apostasse no carvão. Bem pelo contrário, o carvão é talvez dos piores recursos energéticos no mundo (poluição, custos de transporte e actualmente, desde o grande desenvolvimento chinês, o próprio custo da matéria prima). Mas tem as suas vantagens, particularmente, quando pretendemos fazer face a situações não permanentes (como foi o caso).

    Ainda assim, assumo que não me preocupo muito com o facto do consumo de carvão nas termoeléctricas ter aumentado 50%. Primeiro, porque foi uma situação excepcional, tendo em atenção os elevados custos do crude (custos esses que actualmente já estão – então não estavam – reflectidos no consumidor, graças à ERSE). Segundo, porque o consumo de carvão nas termoeléctricas representava uma baixa percentagem (não tenho os dados comigo mas posso obtê-los, se assim o desjar) na produção eléctrica nacional, pelo que mesmo o aumento de 50% não representa um tão grande perigo, em termos absolutos. Afinal, não estamos a voltar a produzir energia eléctrica a partir de carvão.

    Quanto aos dados que apresenta estava a pensar onde os teria obtido… mas deu-me a resposta: wikipédia!! Ora, cada qual obtêm a informação das fontes que considera mais confiáveis. wikipédia, para mim, nem pintada… se ainda fosse a Enciclopédia Luso-Brasileira…

    De todo o modo, posso dizer-lhe que os dados que tenho são os produzidos pela ADENE, relativos ao semestre de 2010 (nãõ~sei se estão ou não publicados no site, são informações que obtive junto daquela agência no exercício da minha profissão). Pelo que se há alguém a actualizar-se (melhor, a corrigir-se) parece que é mesmo a wikipédia (o que não admira).

    O mesmo se diga quanto aos dados dos EUA: sim, para efeitos do 2.º semestre de 2010, toda a energia eólica produzida pelos EUA não seria suficientes para as necessidades energéticas (eléctricas) de Portugal no 2.º semestre de 2010. Ora, claro que os consumos são diferenciados, bem como a produção de energia, mas considerando este espaço/tempo, os dados que avancei estão correctos, pelo menos, segundo a ADENE.

    Confesso que não sei onde é que a ADENE vai buscar os dados relativos à produção de energia eólica nos EUA… talvez à agência correspondente nos EUA. Certamente que não utiliza a wikipédia.

    Já essa teoria liberal que fala de que tudo vai crescer para sempre… também não sei de onde a retira. Dos autores liberais, não será certamente. Eu próprio, que me assumo como bastante liberal, não defendo nada que se pareça, portanto ou é um entendimento próprio (que desde já lhe digo, está errado) ou então será alguma teoria liberal propagada pela wikipédia…

    Vejo contudo que não compreendeu as minhas referências ao crescimento económico. Referi o crescimento económico como forma de demostrar que actualmente o consumo energético não cresce como seria presumível em 2004 ou 2005, independentemente da eficiência energética. São duas variáveis diferentes que actuam de forma exponencial. Não confundamos as coisas. É que se for para confundir, podemos falar dos carros eléctricos. E então, se estes vierem a substituir os motores de combustão interna, qual será o consumo energético futuro? E o facto dos custos de deslocação serem inferiores irá provocar um aumento relativo bem como absoluto do consumo energético? Etc, etc, etc… existem soluções que não são soluções.

    Mas também não compreendo como poderemos alcançar os 25% de energia eléctrica de origem eólica. É que, em bem da verdade, os 12 ou 17% que já produzimos, resultam da ocupação territorial privilegiada, isto é, dos locais com maior interesse para a produção desse tipo de energia. Daqui resulta que o aumento do parque eólico será feito à conta de subsídios (sim, porque ninguém vai instalar parques eólicos para tirar um baixo rendimento porque a capacidade de produção superioriza em muito a produção efectiva) ou, em alternativa, será feita pelo próprio Estado (e aqui não vejo como, dada a situação da EDP). A não ser que a REN passe a ser…. esqueça, esta também vai ser privatizada (o que falta). Por isso não vejo solução para esse aumento, por enquanto (claro que se o custo de criação do parque eólico for reduzido, então podemos falar de uma rentabilidade mais elevada e daí suscitar o interesse dos privados).

    Mas esses 25% que venham… esses e outros tantos. Mas que não venham (isso é que não permito) à conta da instalação de muitos e muitos mamarrachos em zonas de parque natural, como por exemplo, o novo projecto da PT na Covilhã (dentro do Parque Natural da Serra da Estrela).

    É que sabe, quando leio num Estudo de Impacte Ambiental que a colocação dessas torres não têm um grande impacto visual porque estão colocadas em zonas desabitadas e com fracos acessos rodoviários, sendo que para mais são zonas de nevoeiro habitual, sinto algo aqui no estômago me leva a agir. De facto, energia eólica e valores ambientais são duas coisas muito, MAS MUITO MESMO, distintas.

    É a chamada Máfia Verde (e em Portugal há muito disto, podíamos começar logo por falar da Sociedade Ponto Verde e da Altri… mas fica para uma próxima oportunidade). Talvez fosse melhor criticar isso e não a estratégia de há 20/30 anos quando o preço do barril estava a menos de $ 25 e quando os valores ambientais não eram considerados como hoje (aliás, pelo próprio conhecimento científico do efeito estufa).

    Foram cometidos erros, é certo. Mas será que esses erros são assim tão graves, ATENDENDO aos conhecimentos e condições de então? Talvez seja mais fácil percebermos que hoje é que cometemos erros, que hoje é que fazemos asneira e principalmente, que hoje é que nos deixamos enganar pela suposta virtude dos valores ambientais que nos tentam enfiar pela garganta abaixo e que hoje servem para tudo, menos para defender realmente os valores ambientais (não se esqueça de, este ano, depositar 4 kg de pequenos electrodomésticos no electrão).

    Quanto à energia nuclear, muito há a dizer. Mas não vamos confundir as coisas, por exemplo, não confundamos Fukushima e Chernobyll . Não confundamos energia térmica e eléctrica. Nunca me pronunciei sobre a primeira, especialmente, nunca disse que a considero uma palhaçada. Palhaçada, isso sim, é pensar que a solar eléctrica é uma solução para a resolução dos problemas eléctricos. Mais do que palhaçada, é engano propositado. A não ser que forremos o Alentejo a painel solar, não vejo que seja solução (até porque é no Alentejo que estão os maiores montados do país… e se é prejudicial destruir 5000 sobreiros e azinheiras para construir uma barragem também o seria para construir uma central solar).

    Mas voltemos ao nuclear. Em 2004 ou 2005, tive conhecimento de um grupo de cientistas russos que andavam a desenvolver um projecto de energia nuclear de baixo custo. Pelo que me recordo, esse projecto passava não pela construção de grandes centrais nucleares mas sim pela adaptação dos sistemas existentes nos submarinos nucleares a pequenas centrais de produção de energia eléctrica. Confesso que não sei resultados, não sei sequer se o projecto continua. Foi um conhecimento lateral que adveio da participação noutro trabalho.

    Mas daqui retira-se que o nuclear ainda tem muitas soluções não estudadas.

    Resíduos: custa-me explicar “à malta” como é que garanto a gestão de resíduos nucleares, porque não sou eng.º.

    Segurança: apesar dos amargos de boca, também não sou eng.º, nem cientista físico.

    Mas posso tentar explicar uma simples coisa (que aliás, já tentei explicar no meu post anterior): “Eu continuo a defender que devemos investir na energia nuclear e apostar no aumento da sua segurança e principalmente da reciclagem dos seus resíduos”.

    É que talvez assim, os eng.º ou cientistas que sabem o que fazem possam, um dia, responder a essas questões. Claro que se afastarmos essas possibilidades, por mitos, medos, ou interesses sem sentido, então nunca teremos essas respostas.

    O que eu digo, e repito, é que se estamos a colocar nos custos de desenvolvimento de qualquer actividades (ex. os custos de construção de uma central), os custos de um possível acidente nuclear (250.000 milhões ou mais) é, no mínimo, ridículo. Talvez, antes de se falar do que não sabe, reflectir sobre as centenas de centrais nucleares existentes em todo o mundo e em funcionamento há tantos anos e não tiveram esses custos, sejam elas do consórcio do Barros, do Mexia, da Siemens, ou do Zé da esquina…

    Mais, e se Castelo de bode rebentar (como aconteceu agora na China)? Será que devemos pensar nesses “custos” como sendo um custo de desenvolvimento de um projecto de produção de energia eléctrica (seja ele qual for)? Seriamente, não me parece.

    O tal investimento científico que falo, serviria exactamente para isso: reduzir custos e aumentar a segurança da produção da energia nuclear. E bem melhor seria, que a FCT andasse a suportar esses custos, ao invés de suportar o estudo do lagarto ou da minhoca que existe na montanha lá para a Sibéria!!

    Mas algumas certezas tenho: tenho a certeza que se o Japão decidir acabar com a energia nuclear, o “o país não vai parar nem as pessoas vão ler à luz da vela.” Mas tenho a certeza de que se Portugal desligar a ficha das torres eólicas, o “o país não vai parar nem as pessoas vão ler à luz da vela”

    Como vê, existem determinadas afirmações que em nada ajudam o esclarecimento ou o crescimento intelectual que sempre deveria existir num momento dialéctico. Talvez porque (sei lá eu) o propósito de muitos não seja o esclarecimento ou o crescimento intelectual, mas fazer outros engolir o que consideramos (bem ou mal, isso pouco interessa) como o melhor.

    O que eu tenho pena, verdadeiramente, é que existam pessoas de tão pouco bom senso que eventualmente acham que por gritarem têm razão (infelizmente, em Portugal temos muito disso).

    Comentei um artigo sobre a construção da barragem do Tua. Em Portugal, exactamente por não termos poços, jazigos, etc é que temos de apostar em formas de produção energéticas que permitam reduzir a nossa dependência eléctrica. Por isso, “lowlander” é que não podemos criticar a construção desta barragem, sem que tenhamos soluções alternativas…

    E isso, soluções alternativas, foi coisa que ainda aqui (nem em lado algum) não vi. Mas, certamente que essas soluções (reais, sérias e credíveis… sim, não falemos de energia magnética, por favor) ainda irão aparecer.

    Eu, à sua semelhança Lowlander, aguardo sentado, mas não de chucha na boca (espero que também não ande de chucha na boca, especialmente, se a chucha fui eu que a paguei). E continuo sentado à espera da minha nova bicicleta… ou será que você é daqueles que promete e depois não dá nada, como a uva seca…?

    Quanto ao tema das escolas (novas e velhas recuperadas), Parque escolar, etc, isso nem comento. Aliás, tudo o que é do Governo xuxalista (como o plano nacional de barragens) tenho sempre grande aversão a comentar.

  12. José Rui Fernandes

    Se puder respondo ao resto, mas relativamente à Wikipedia e a ADENE e uma vez que utiliza esse facto lateral para me desvalorizar (o que é absolutamente típico da discussão à portuguesa e no que estou perfeitamente a borrifar-me), escusa de dizer que usa ou não usa, porque a Wikipedia não é uma produtora primária de números e estatísticas — seria bizarro a ADENE ir à Wikipedia, mas como nota pessoal, não me admirava nada.
    Se reparar todos os artigos da Wikipedia no fim linkam para as fontes primárias de informação.

    Se é melhor que a Luso-Brasileira (que tenho e não posso comparar à Wikipedia porque deixou de ter utilidade) não sei, mas sei que já é requentada a comparação com a Encyclopedia Britanica e que a Wikipedia sai-se sempre muito bem. Tão bem, que tenho acesso completo à Britanica online e raramente a utilizo.

    Mas se não o admira que a Wikipedia se tenha de actualizar, talvez queira partilhar o que sabe sobre a Wikipedia e que eu e eventualmente outros não sabemos. Não quero estar a induzir em erro ninguém e muito menos a mim, com informação pouco fiável.

    Relativamente aos 12% do segundo semestre de 2010, o Portal Energia indica 18% no primeiro semestre de 2010 (não fala no segundo); indica 15% em 2009 e considero muito suspeito que desça para 12% no segundo semestre de 2010, segundo a ADENE lhe confidenciou. Por outro lado o site Pordata indica 15,09% de produção Eólica em 2009. Não sei se estes sites passam os seus elevados cânones, mas se não passarem, certamente arranjam-se estes dados perfeitamente objectivos algures, para não andarmos a chover no molhado. Lamento informar que a ADENE, não passou nos meus cânones ao nível da Wikipedia e por esse motivo necessariamente baixos. Paciência. É como digo, número de torres instaladas, % da produção, tudo isso é objectivo e não oferece discussão. Não vou andar a discutir factos. Alguém deve saber exactamente esses números.

    EUA: Segundo a agência de energia em 2010 a energia eólica produzida foi 94,652MW/h (consumo total em Portugal em 2009 segundo a Pordata 48.772MW/h). Falei em 172%, mas posso arredondar para 200%. Seríamos grandes exportadores líquidos.

  13. Rogelio Raimundo Dosouto

    Sr Jose Rui Fernandes, vejo aqui muitos comentarios sobre a questao energetica, que realmente sao um problema para toda a humanidade, em breve o petroleo vai secar e o uso do carvao gera mais poluição atmosferica, a solar ainda é cara, a fusao nuclear apesar de ser a ideal ainda esta distante !, mas tudo isso que desafia ao intelecto humano é paradoxal pois ja em 1905 Albert Einstei revelou ao mundo que : E=M.C2 ! e dai verificamos que apenas 1 kg de materia de qualquer coisa = 25 bilhoes de KWH !!, imagino que chegara o dia em que obter energia em quantidades ilimitadas sera uma questao banal, enquanto esse dia nao chega melhor sera colocar um dinamo em uma bicicleta estacionaria e pedalar bastante !, abaixamos o colesterol e a glicose e mantemos o computador ligado !
    ROGELIO de Mairiporã

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